JOSÉ LUCIANO DE CASTRO
José Luciano de Castro Pereira Corte Real eminente estadista Português desempenhou o cargo de presidente do Conselho de Ministros, durante o período do rotativismo, na última fase da Monarquia Portuguesa, alternando no poder, enquanto chefe do Partido Progressista, com o chefe do Partido Regenerador.
Nasceu em Oliveirinha, perto de Aveiro, em 1834 e faleceu em Anadia em 1914. Em Anadia casou com a senhora D. Emília de Seabra, filha de um conhecido jurisconsulto, Dr. Alexandre Seabra.
José Luciano de Castro licenciou-se, muito novo, em Direito, na Universidade de Coimbra e, ainda estudante colaborou em vários jornais da época, como o “Progresso”, o ”Conimbricense”, o “Nacional”, o” Jornal do Porto”, o “Comércio do Porto”, entre outros. Fundou uma importante revista de jurisprudência que ainda hoje se publica – O Direito – e publicou interessantes trabalhos como a “Questão de Subsistências” (1856), “Legislação sobre Liberdade de Imprensa” (1859) e “Discursos) (1863, 1872 e 1877). Mas foi como político que a figura de José Luciano de Castro se tornou conhecida e entrou na História. Foi deputado da nação, ministro de Estado e, por várias vezes, presidente do Conselho de Ministros. Hábil, esclarecido, inteligência, erudição, energia, fidelidade à realeza e patriotismo são algumas qualidades que os seus biógrafos fazem realçar.
O Palacete em Anadia, que herdou do seu sogro, foi palco de inúmeras visitas de importantes homens de Estado, nacionais e estrangeiros, a ponto de os jornais da época considerarem a pacata vila da época como a segunda capital do País..
O ARQUIVO E A BIBLIOTECA
Muito do enorme espólio documental deixado por José Luciano de Castro foi deixado, com o palacete onde viveu com a Família, em Anadia, à Santa Casa da Misericórdia local de que, em 1908, foi um dos fundadores.
Infelizmente, uma parte desse espólio, ter-se-á perdido ou dispersado por não ter sido suficientemente valorizado, na época do falecimento da última das duas filhas de José Luciano de Castro, por quem foi encarregado de fazer cumprir o seu testamento. Apesar disso, são inúmeros os documentos, especialmente cartas das personagens mais eminentes da época que contactaram com José Luciano de Castro, que fazem parte do arquivo da Santa Casa da Misericórdia de Anadia. Mas não apenas. Muitos outros documentos da família ilustram a história da sua época e da sua região. Para além disso, outros beneméritos têm vindo a doar à Instituição documentos importantes. Tudo isto, a juntar à documentação inerente ao funcionamento da Misericórdia, constitui o seu Arquivo, cujo valor e importância é ilustrado pela frequente consulta por muitos estudiosos e académicos.
A Biblioteca da Misericórdia recebeu poucos espécimes que tenham pertencido ao acervo bibliográfico da Família de Luciano de Castro, especialmente do seu sogro, Dr. Alexandre Seabra, eminente jurisconsulto, e dele próprio. Todavia outros Irmãos da Santa Casa da Misericórdia de Anadia, têm doado importantes espécimes bibliográficos com que a instituição vem enriquecendo a sua Biblioteca, igualmente colocada à disposição de todos os interessados.
O MUSEU
O Museu José Luciano de Castro, dependente da Santa Casa da Misericórdia de Anadia, instalado no Palacete Seabra de Castro, é constituído por um pequeno, mas significativo conjunto de obras de Arte e obras de interesse histórico, do espólio que restou das doações feitas em vida e em testamento pela Família de José Luciano de Castro, que dá nome ao Museu, designadamente por suas filhas D. Henriqueta e D. Júlia Seabra de Castro.
Este espólio, em que se misturam objetos de família e os objetos pessoais de José Luciano de Castro, nomeadamente aqueles que se referem à sua vida pública, distribui-se pelas seguintes coleções:
- Pintura;
- Desenho e Gravura:
- Plantas;
- Fotografia;
- Imaginária;
- Mobiliário;
- Cerâmica e Vidros;
- Objetos de Ourivesaria e de Torêutica;
- Condecorações;
- Numismática;
- Traje (civil e oficial);
- Livros e Documentos em papel;
- Diversos cartões e convites alusivos a acontecimentos da político-social de José Luciano de Castro e Família.
No conjunto que se abre ao público, num espaço de circulação que incluiu a pequena Capela da Santa Casa da Misericórdia de Anadia, pelas obras de Pintura e Imaginária de Arte Sacra, com entrada independente do Museu, permanecendo assim aberta ao culto, procura-se mostrar simultaneamente as obras de valor artístico e, ou histórico, mais significativas desse espólio, sobressaindo um núcleo de Arte Sacra, e aquelas que retratam o ambiente e a forma de vida pessoal e familiar de José Luciano de Castro, e da sua vida política e pública enquanto Presidente do Conselho de Ministros do Reino, nos últimos tempos da Monarquia.
Este núcleo da vida de José Luciano de Castro, tem como contexto desde logo o Palacete Seabra de Castro, da família de sua mulher, D. Maria Emília Seabra, onde José Luciano de Castro desenvolveu a sua atividade política durante os tempos conturbados dos finais da Monarquia e da mudança de regime em Portugal, e onde viveu os últimos anos da sua vida.
Por sua vez, nesta mesma casa viveram também as suas filhas desenvolvendo uma atividade no campo assistencial e religioso que veio a ser perpetuada postumamente pela doação do Palacete à Santa Casa da Misericórdia de Anadia, onde esta foi sediada e instalada.
Além destes dois núcleos de Exposição Permanente, de Arte Sacra e da vida de José Luciano de Castro, que constituem assim o Museu José Luciano de Castro e se podem ver fundamentalmente em duas Salas e na Capela, o circuito do Museu é introduzido ainda por uma outra Sala, parte integrante desse circuito, mas destinada alternadamente a Sala de Exposições Temporárias e é completado pelos acessos de entrada do Palacete Seabra de Castro, designadamente, na entrada principal, pelo átrio, e na entrada posterior, pelos jardins no exterior e pelo corredor no interior, onde podem ser vistos painéis de azulejos de diferentes decorações da época.